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REDE PONTOCOM DE RÁDIO

23 de janeiro de 2014

BERILO – SONHO DE PADRE HOLANDÊS VIRA RUÍNA EM LELIVÉDIA.

Na reportagem abaixo mais um grande trabalho do jornalista Sergio Vasconcelos do Portal Gazeta de Araçuaí. O artigo também foi incluído na grade de jornalismo da Rede Pontocom de Rádio, que apresenta boletins a cada meia hora de programação. Boa leitura!

Uma das mais polêmicas obras sociais do Médio Vale do Jequitinhonha, está abando nada e invadida pelo mato, em Lelivéldia, distrito de Berilo, no Vale do Jequitinhonha (MG), a 600 km de Belo Horizonte. Criado em meados da década de 1960, pelo padre holandês Wilhelmus Johannes Oud (o padre Willi), o Patronato amarga hoje o esquecimento e a depredação, após a morte do religioso, há sete anos.


O prédio principal, de dois andares, construído há pelo menos 12 anos, esta inacabado. Ele é  alvo de cinco ações trabalhistas de ex-funcionários do Patronato, o que inviabiliza qualquer projeto que possa resgatar a obra, enquanto não finalizar o julgamento das  ações .

Ele fica a menos de 100 metros de uma escola estadual que atende alunos do 1º ao 9º ano. Inacabado e imponente, ele nada lembra os tempos em que o padre Willi sonhava em transformá-lo no maior educandário do lugar. São 30 salas espalhadas pelos dois pavimentos. A maioria está apenas no reboco, sem portas, janelas ou pintura. Há muita infiltração e paredes trincadas. O telhado está bastante danificado.  A sujeira toma conta de toda a área. No andar de baixo há muitas carteiras quebradas, livros velhos e muita quinquilharia.

No ano passado, foi homologado um acordo que incluía doações de terras do Patronato para os autores das ações, porém, o acordo não foi cumprido. “Não sabemos ainda o que fazer com o patrimônio. Sonhos até que temos, como por exemplo, criar uma Escola Família Agrícola (EFA) e ainda aproveitar o espaço para instalação de cursos profissionalizantes” diz  José Nelson Caldeira, presidente da Associação do Patronato Agrícola Industrial de Lelivéldia. “Quando tudo estiver resolvido, vamos buscar apoio para resgatar os objetivos do Patronato”, garante José Nelson que viveu 20 dos seus 44 anos, no educandário. “É triste ver aquilo tudo abandonado. Estudei ali e tudo que tenho devo ao Patronato, onde recebi todo apoio. Naquela época, tudo era difícil na região. O padre formou cidadãos. As crianças estudavam latim, francês e inglês. Na minha época eram 180 alunos”, lembra José Nelson.

Abandono - Além do prédio principal, existem na área dois outros prédios, distantes pelo menos 1 km um do outro.  Em um deles, o padre Willi queria transformar em hospital e o outro, funcionou como alojamento feminino. São dois galpões compridos e cobertos com telhas de amianto e pequenas janelas.

O Patronato, que fica a 6 km de Lelivéldia, era uma mistura de escola e orfanato e ocupa uma  área, com cerca de 2 mil hectares. O lugar era o sonho do religioso que chegou ao Brasil, fugindo dos horrores de Adolf Hitler e da Segunda Guerra Mundial. O nome de Lelivéldia (Vale dos Lírios, como ele costumava  dizer), é uma referência ao seu próprio nome.

FONTE: Gazeta de Araçuaí, por Sérgio Vasconcelos