As chuvas não cobrirão o déficit do segundo ano de
seca extrema em Minas, afirma a diretora de pesquisa, desenvolvimento e
monitoramento das águas do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Ana
Carolina Miranda. Ela estima que de agora até dezembro “vai chover o previsto”
nas principais bacias hidrográficas mineiras, mas não será o suficiente para a
recarga necessária dos reservatórios.
A situação mais crítica é a do reservatório de
Marimbondo, no rio Grande, na divisa com São Paulo, com apenas 11,73% da
capacidade de armazenamento – volume 82,41% menor do que o de agosto de 2013.
Já a represa de Três Marias, no rio São Francisco, tem apenas 5% do volume útil
armazenado.
O rio Doce, em Belo Oriente, está com 30
centímetros de altura, quando o normal é 117 cm no período seco. Em Governador
Valadares, caiu de 174 para 98 cm.
Os efeitos da seca prolongada nas bacias
hidrográficas do Estado, que trazem reflexos diretos na saúde da população,
estão preocupando os técnicos do Igam e da Agência Nacional de Águas (ANA), que
medem as vazões dos rios Grande, Paranaíba, Doce, São Francisco, Jequitinhonha
e Mucuri, além de seus principais afluentes.
À medida que se retira água de profundidades
maiores, explicam os especialistas, a qualidade vai piorando e há um risco de
saúde pública. Também o custo de tratamento é muito maior e afeta a
biodiversidade.
Em Formiga, no Centro-Oeste, o prefeito Moacir Ribeiro
fez nessa segunda-feira (6) reunião de emergência para discutir o que fazer em
relação aos produtores que retiram água do rio Formiga, acima da captação, para
irrigação.
O Serviço Autônomo de Àgua e Esgoto (Saae) do
município já fez 500 notificações por desperdício na semana passada. A vazão de
água que chega à Estação de Tratamento atingiu o seu menor nível da história.
Ficou decidido que a Polícia Ambiental vai fiscalizar as propriedades rurais
para verificar o uso da água.
Sem fazer campanhas para economia de água, a Copasa
informa que só em Pará de Minas (Centro-Oeste) a população enfrenta rodízio no
abastecimento durante períodos prolongados, o que não ocorreria nas demais 630
cidades atendidas pela empresa.
A estatal admite que há outros municípios onde a
situação tende a se agravar em função da queda acelerada da vazão dos
mananciais. Esse é o caso de Entre Rios de Minas, Arcos, Santo Antônio do
Monte, São Gonçalo do Sapucaí, Lavras, Rio Paranaíba, Campos Altos, Prata,
Igarapé, Barbacena e Espera Feliz. Nenhum deles faz parte do Polígono da Seca
em Minas, que abrange o Norte de Minas e os Vales do Jequitinhonha e Mucuri.
FONTE: HD - IMAGEM - Cemig