O reajuste era amplamente
esperado pelo mercado e deve dar algum alívio para o caixa da estatal, mas
pressionar a inflação que já está rondando acima do teto da meta do governo em
12 meses.
A reajuste deve chegar aos
postos de combustíveis, uma vez que o governo não anunciou nenhuma compensação
tributária simultaneamente, como fez no passado. Mas os percentuais de reajuste
da gasolina para o consumidor final devem ser menores, já que a gasolina
vendida nos postos tem mistura de 25 por cento de etanol anidro, mais barato
que o combustível fóssil.
Ainda assim, a inflação do
país deverá sofrer algum impacto.
Este é o primeiro aumento
dos combustíveis desde novembro de 2013, quando a gasolina subiu 4 por cento e
o diesel 8 por cento. E foi anunciado após a Petrobras ter indicado em notas ao
mercado, na terça e na quarta-feira, que não havia decisão quanto ao aumento de
preços.
"O impacto do aumento
da gasolina no IPCA não deve ser muito alto. Aumento de 3 por cento é na
refinaria, mas na bomba será menos, então diminui pressão", afirmou o
economista sênior do Espírito Santo Investment Bank, Flavio Serrano.
"Com esse aumento da
gasolina, o IPCA deve fechar novembro com inflação em torno de 0,60 por
cento", acrescentou.
Segundo ele, há grandes
chances de a inflação no ano passar do teto da meta em 2014 --de 4,5 por cento
ao ano, com banda de tolerância de 2 pontos percentuais para cima ou para
baixo--, mas vai depender ainda do que deve acontecer em dezembro.
O último mês do ano, no
entanto, costuma ter pressões de alimentos e passagens aéreas. Então o cenário
para inflação no fim do ano é ruim, acrescentou ele. No diesel, o impacto direto
no IPCA é muito pequeno, segundo o economista, com maior efeito nos índices
gerais de preço (IGPs).
EFEITO PARA PETROBRAS - O
aumento de preços dos combustíveis deve dar algum fôlego para a Petrobras que
tem um dos maiores planos de investimento do mundo corporativo, com dívida
crescente, fator que levou a agência de classificação de risco Moody's a
rebaixar o rating da Petrobras em outubro.
A divisão de Abastecimento da estatal tem acumulado
perdas bilionárias nos últimos anos por conta da defasagem de preços dos
combustíveis vendidos no Brasil em relação aos preços de importação.
Apenas recentemente, com a
acentuada queda do petróleo e o impacto do valor da commodity na cotação dos
combustíveis no exterior, a defasagem do preço foi sendo reduzida e, no caso da
gasolina, até chegou a deixar de existir. Com o reajuste desta
quinta-feira, a gasolina deverá ficar 4 por cento mais cara no Brasil em
relação ao mercado externo, e o diesel vai ficar na paridade, segundo cálculos
do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).
Antes do reajuste, a
gasolina estava cerca de 1 por mais cara no Brasil e o diesel em torno de 4 a 5
por cento, mais barato, segundo o CBIE. "Fiquei impressionado
porque o reajuste foi muito baixo para as necessidades da Petrobras. Só para
ter uma ideia, para recuperar as perdas da estatal de janeiro a setembro deste
ano, tinha que reajustar 20 por cento para a gasolina e 20 por cento para o
diesel", afirmou o diretor do CBIE, Adriano Pires, um crítico do atual
governo.
"É um desgaste muito grande porque
eles reajustaram com um percentual mínimo... O controle da inflação prevaleceu
e eles não tiveram condições de dar o aumento que precisaria", completou
ele, acrescentando que "o mercado vai até gostar um pouco, mas estavam
esperando mais", algo em torno de 5 por cento para a gasolina e 7 por
cento para o diesel.
O mercado esperava que o
reajuste pudesse ter sido anunciado após a reunião do Conselho de
Administração, realizada em Brasília, na terça-feira.
FONTE: Yahoo, por Roberto
Samora, Flavia Bohone e Marta Nogueira.