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7 de dezembro de 2013

FRANCISCO BADARÓ – MENTOR DO SEQUESTRO DE ESTUDANTE DE ENGENHARIA CONHECEU A VÍTIMA EM UMA FESTA NA CIDADE.

Universitário é libertado após ser mantido dopado por seis dias no Bairro Caiçara. Mentor tentou explorar boa situação da família. Apontado como homem que tramou o crime, Igor Costa chega algemado.



Um crime que começou a ser tramado em baladas no interior de Minas e terminou depois de seis dias de cativeiro em Belo Horizonte. O sequestro do estudante de engenharia civil Pedro Lucas Martins Ramalho, de 23 anos, começou a ser planejado depois que o mentor do plano, Igor Miranda da Costa, com passagens na polícia por crimes contra o patrimônio, o conheceu em festas no município de Francisco Badaró, terra natal da família do rapaz. 

As características de Pedro chamaram a atenção de Igor, que vislumbrou a possibilidade de levantar dinheiro às custas da posição bem-sucedida da família no ramo de material de construção. Pedro foi libertado ontem por policiais da 1ª Delegacia de Repressão a Organizações Criminosas, ligada à Divisão Especializada de Operações Especiais (Deoesp) da Polícia Civil, que prenderam Igor e três outros envolvidos no crime. 

O jovem foi abordado no estacionamento da Faculdade Newton Paiva, no Bairro Buritis, Oeste da capital, onde estuda, na noite de sexta-feira (29), passou por uma mata no Bairro Havaí, na mesma região, e foi encontrado em um apartamento do Bairro Caiçara, Noroeste de BH, na madrugada de ontem. Ele estava amarrado, vendado e sob efeito de medicamentos.

O caso foi mantido em sigilo, segundo a Polícia Civil, para preservar a vida do estudante. Pedro é o caçula de três filhos e vive com a irmã em um apartamento no Centro de Belo Horizonte. Fontes ligadas à investigação informaram que na mesma noite do crime os bandidos entraram em contato com a mãe do rapaz, que mora em Francisco Badaró, usando um dos telefones do jovem. De acordo com o boletim registrado na polícia, os sequestradores exigiram R$ 300 mil para libertar a vítima. 

Pedro ainda conversou com familiares por telefone, dizendo que seu veículo, um Fiat Bravo, tinha sido abandonado. Acusado de ser o mentor do crime, Igor Costa teria contado com a ajuda de Juliano de Oliveira de Jesus, Leandro dos Santos Carvalho e Lenia Gonçalves Silva para colocar o plano em prática. Para tentar despistar a polícia, inicialmente, o refém ficou escondido em uma mata do Bairro Havaí. Depois foi levado a um apartamento na Rua Boreal, no Caiçara. 

Durante o período que o jovem esteve em poder dos bandidos, eles fizeram três contatos com a família e um dos parentes foi escolhido como negociador, sob orientação da polícia.

O rastreamento de uma das ligações levou a polícia até os criminosos. O telefonema ocorreu na segunda-feira, da BR-040, na região de condomínios fechados em Nova Lima, na Grande BH. Os agentes do Deoesp estiveram no local e contaram com a ajuda de um vigilante, desconfiado dos ocupantes de um Celta vermelho, de BH. O homem anotou a identificação do veículo e passou aos policiais. Em seguida, os investigadores marcaram um falso pagamento de resgate para a cidade de Juatuba, na Grande BH.

Cientes das características do carro, os investigadores fizeram uma barreira na altura do posto da Polícia Rodoviária Federal da BR-381, em Betim, na Grande BH. Quando o veículo passou, Igor e Leandro foram abordados e indicaram o cativeiro, estourado pela polícia, onde Lenia e Leandro tomavam conta de Pedro. Pelas redes sociais, amigos de Pedro comemoraram o desfecho da história. Em uma das postagens anunciando o fim do sequestro foram registradas 279 manifestações de apoio.

ROTINA

Vizinhos do apartamento da Rua Boreal, no Caiçara, disseram não ter percebido nada de anormal nos últimos seis dias, período em que o rapaz foi mantido amarrado, amordaçado e dopado com remédios. A mulher presa, segundo eles, ficava o tempo todo no imóvel que os suspeitos alugaram. Somente descia para tomar cerveja e fumar em um bar ao lado, ocupando uma mesa na calçada. “Ela morava com dois rapazes, ambos de boa aparência. Eles sempre saíam de casa e ela ficava”, contou uma vizinha.

Um homem que mora no imóvel ao lado descreveu como normal a rotina do grupo. “Eles vieram morar aqui há cerca de três meses. No primeiro dia, fizeram um churrasco na rua, em cima do passeio. Eram três rapazes e três moças. No início, eles sempre mantinham dois Celtas vermelhos estacionados na rua. Depois, os carros desapareceram e um deles, o mais velho, apareceu de novo na terça-feira”, disse. 

No início da madrugada de quinta-feira, o vizinho conta que acordou com o portão da casa dos suspeitos batendo. “Olhei pela janela e havia vários carros da polícia com as luzes ligadas. Era uma operação grande, mas a polícia trabalhava em silêncio. Eu vi quando eles levavam a moça algemada”, disse a testemunha, que não entendia o que estava acontecendo, mas preferiu não sair de casa. Ele conta que mesmo depois que foi dormir, por volta de 1h30, a polícia permaneceu no local. 

Uma comerciante observou que era grande a movimentação de pessoas no apartamento dos suspeitos, um “entra e sai danado”, segundo ela. “A gente nem desconfiou de nada, pois há muitas quitinetes alugadas por aqui na região e estudantes costumam montar repúblicas”, disse a comerciante.

Outra vizinha afirmou que a mulher presa comentou no bar que estava desempregada e que fazia faxinas em casas da região. “Eles devem ter alugado o imóvel já pensando no sequestro. E a vítima estava aí o tempo todo, bem ao nosso lado, e não desconfiamos de nada”, comentou. “A moça parecia ser muito humilde, mas os dois rapazes que moravam com ela eram bonitos. Um deles é mais forte e o outro mais magrinho, mas bonito também”, comentou outra vizinha.

Por Guilherme Paranaíba, do Estado de Minas