De 17 pontos de monitoramento mantidos pelo IGAM em
bacias que cortam o estado, oito estão em nível abaixo do tido como normal para
esta época do ano. A recuperação será lenta.
Apesar da previsão de chuvas estar dentro do normal para o período, a
situação dos rios de Minas não é nada boa e está longe da recuperação. De um
total de 17 pontos de monitoramento mantidos em rios de Minas pelo Instituto
Mineiro de Gestão das Águas (Igam), apenas nove estão com o nível de água
normal, segundo medição feita na última quinta-feira.
No geral, os cursos d’água estão com 81% da capacidade considerada
normal para esta época do ano e o prognóstico é de que as próximas chuvas não
sejam suficientes para recuperar o déficit imposto pelo período de estiagem. “É
preciso uma sequência de períodos chuvosos dentro da normal climatológica para
a recuperação”, alerta a Gerência de Projetos e Programas em Recursos
Hídricos do Igam.
Na Bacia do Rio Doce, são nove estações avaliando as cotas dos rios. No
Município de Belo Oriente, no Vale do Aço, o Rio Doce está com 61 centímetros
de água, quando o considerado normal para esta época do ano no ponto de medição
é de 117 centímetros. No município de Ponte Nova, na Zona da Mata, o Rio
Piranga também apresenta-se em situação de déficit, segundo o Igam: a cota caiu
de 137 para 80 centímetros.
Penúria também nos rios da Bacia do Rio Paraíba do Sul, onde há três
estações do Igam com transmissão automática de dados. Em Cataguases, Zona da
Mata, o Rio Pomba está com 73 centímetros, quando a sua cota normal é de 113
centímetros. O nível do Rio Novo em Itamarati de Minas, na mesma região, caiu
de 144 centímetros para 67.
Na Bacia do Rio São Francisco, as informações enviadas pelas cinco
estações de monitoramento também são preocupantes. O Rio Maranhão, em
Congonhas, na Região Central, teve a sua cota reduzida de 154 para 90
centímetros. Em Pedras de Maria da Cruz, Norte de Minas, o Velho Chico baixou
de 168 para 75 centímetros.
Previsão
pessimista - O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio
das Velhas, Marcus Vinícius Polignani, não acredita que as próximas chuvas vão
conseguir recuperar os rios em Minas. “A situação continua crítica. Com certeza,
este ano São Francisco não será recuperado. A situação é bem emblemática em
Pirapora, onde a vazão do rio foi extremamente reduzida. A cachoeira
praticamente desapareceu. Em Três Marias, a hidrelétrica está muito abaixo da
sua capacidade operacional”, lamenta Polignani. Segundo ele, é preciso
chover muito para elevar a vazão dos rios. “Não temos garantia nenhuma que
vamos conseguir repor o passivo. Não vamos conseguir recuperar a vazão dos rios
aos níveis de 2011 e 2012”, disse.
Em 30 de setembro, o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco
(CBHSF) propôs ao Igam e à Agência Nacional de Águas (ANA) um levantamento de
todas as nascentes e córregos que secaram na bacia do Rio São Francisco, da
nascente, no Parque Estadual da Serra da Canastra, à represa de Três Marias, na
Região Centro-Oeste do estado. O trabalho teria o objetivo de subsidiar
prefeituras da região em casos de necessidade de decretar situação de
emergência e para facilitar a atuação da Defesa Civil, bem como promover ações
em caso de desabastecimento humano e animal.
FONTE: Jornal Estado de Minas