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3 de abril de 2018

TURMALINA – DO ARRAIAL DA PIEDADE À JOIA DO VALE.

Reserve um tempo no seu dia para conhecer a história de Turmalina/MG. Município com quase 20 mil habitantes, com vocação para as atividades industriais e a agropecuária.    


Turmalina tem a sua história ligada ao “Ciclo do Ouro”. Sua povoação primitiva foi influenciada pela Bandeira de Sebastião Leme do Prado, que havia fundado a cidade de Minas Novas em 29 de junho de 1727.

Em 1730 já existia aqui, a Fazenda Piedade da Água Suja, onde residia o Alferes Antônio Godinho da Silva Manso Júnior. O Sargento Domingos Alves de Macedo e o cabo de tropa João Soares de Araújo também eram moradores da localidade. São esses os primitivos fundadores da povoação que veio a se tornar o Arraial de Nossa Senhora da Piedade, hoje a cidade de Turmalina.

Em 1734, os moradores, chefiados pelo Alferes Antônio Godinho, solicitaram ao Arcebispo Baiano a autorização para a construção da primeira igreja da povoação, em honra da Virgem da Piedade, padroeira da fazenda. Tão logo a autorização para o inicio das obras foi dada, os moradores começaram a construção. A capela foi construída entre 1735 e 1736, e benzida em 1º de janeiro de 1737 pelo padre Pedro Rodrigues Machado, pároco de São Pedro do Fanado.


Por volta de 1770, chegaram ao Arraial da Piedade os fazendeiros Francisco Pinheiro Torres, Canuto da Costa e Quadros, Luiz Machado Pereira [o velho] e Patrício Rodrigues Pego, oriundos da região do Gorutuba e Jaíba, no norte mineiro. João Cordeiro de Oliveira, que alguns reputam fundador do arraial, só veio a residir em Piedade, na Fazenda Estaquinha (hoje a comunidade do Fanha), em 1812, ou seja mais de 80 anos depois.

Em 1828, de acordo com a nova lei que disciplinava a organização municipal, o Arraial da Piedade passou a ter o seu juiz de Paz, sendo eleito o próprio Vigário da época, João Gonçalves Mendes, o primeiro juiz (1828-1837). Depois, na noite de 31 de dezembro de 1831, justamente por ser o Juiz de Paz, foi ele o presidente da mesa que qualificou os cidadãos para comporem o efetivo da Guarda Nacional aqui estacionada.

A CRIAÇÃO DO DISTRITO - Em 1839, uma comissão de moradores proeminentes do Arraial da Piedade levou até à Câmara da Cidade de Minas Novas, uma solicitação abaixo-assinada pedindo a elevação de arraial à condição de distrito. Acolhendo o pedido, a Câmara enviou a solicitação ao deputado Carlos Pereira Freyre de Moura, que apresentou o Projeto à Assembleia Provincial de Minas Gerais, em 10 de maio de 1839, sendo votado e aprovado em primeira votação em 11 de março de 1840. No dia três de abril de 1840, convertida em lei provincial de número 184, foi sancionado o texto pelo doutor Bernardo Jacinto da Veiga, então presidente da Província.

DEPUTADO DA TERRA - Criado o distrito foi nomeado o padre Brás Vieira da Silva como vigário local, que tomou posse no dia 22 de julho de 1842. Foi esse vigário quem fundou a Irmandade do Santíssimo Sacramento do Altar na Matriz de Nossa Senhora da Piedade, no dia 31 de maio de 1845. Líder político e orador, o vigário Brás Vieira da Silva foi eleito vereador a Câmara de Minas Novas e deputado à Assembleia Legislativa Provincial de Minas no ano de 1860. 

CARBONITA PERTENCIA À TURMALINA - O distrito de Piedade compreendia o território de São Miguel da Caiçara (hoje Caçaratiba), Bom Jesus do Peixe Cru (que hoje foi transferido da margem do rio Jequitinhonha em razão da construção da Barragem Hidrelétrica de Irapé), Nossa Senhora do Patrocínio (hoje Veredinha) e a paróquia de Sagrado Coração de Barreiras (hoje Carbonita).

A República foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889. Por esse motivo a lei número 2, de 14 de setembro de 1891, confirmou o distrito de Piedade de Minas Novas, como unidade administrativa pertencente ao município de Minas Novas.

O NOME TURMALINA – No dia 7 de setembro de 1923, o distrito de Piedade de Minas Novas teve seu nome mudado para Turmalina de Minas Novas, por força do Decreto-Lei número 843, na reforma efetuada pelo Presidente Raul Soares de Moura. Trata-se de interessante homenagem que o presidente fez a produção mineral que o estado possuía e que lhe dava o nome: “Minas Gerais”.

Naquela época a grande epidemia da Gripe Espanhola afetou o distrito. Morreram varias pessoas, conforme evidencia o livro de óbitos do Cartório de Notas e o livro de óbitos da paróquia de N. S. da Piedade. Faleceram crianças recém-nascidas até rapazes e moças de 18 anos de idade.

O comércio era baseado unicamente na agricultura familiar e de subsistência, cujo excedente de produção era vendido nos mercados de Itamarandiba, Diamantina, Capelinha, Teófilo Otoni, Minas Novas, Chapada do Norte e às vezes, Montes Claros.


LIGAÇÃO COM CAPELINHA - As revoltas e as revoluções ocorridas entre 1931 e 1935 contra o governo Getúlio Vargas pouco ou nada influíram na história local, cuja população via com descrédito as ações do governo federal, muito distante para alcançá-los. Já o golpe de 1937 foi divulgado e comemorado no distrito. A construção da estrada de rodagem ligando o distrito de Turmalina a cidade de Capelinha, em 1939, parece ter cristalizado no coração popular a gratidão à Getúlio Vargas. Obra trabalhosa, construída com enxadão e picareta, com traçado de Manuel Gomes da Costa e chefia de Américo Antunes de Oliveira.

A ascensão econômica do distrito, colocando-o em primeiro lugar no quesito de contribuições a sede Minas Novas, é que foi decisiva na hora crucial da emancipação político-administrativa, em 1948.

NOME DE RUA - A queda de Getúlio Vargas e de seu “Estado Novo” marcou tanto o distrito que a população denominou uma de suas vielas com a data de “29 de outubro”, depois oficializada pela lei n. 2, de 1949, sancionada pelo prefeito Luiz Lopes, após a emancipação. Em 1945 com a ascensão do Marechal Eurico Gaspar Dutra, a chefia política até então nas mãos do coronel João de Castro passa para o farmacêutico Lauro Machado, que empolga os mais jovens.

Em 1947, com as eleições municipais, novamente o dissídio entre a sede do município de Minas Novas e o distrito de Turmalina toma corpo e as feridas se abrem. Da eleição de 1947 se parte para a luta emancipacionista liderada por Lauro Machado.

O município foi criado pela lei 336, de 27 de dezembro de 1948 e sancionada Governador Milton Campos. Foi instalado no dia 1º de janeiro de 1949 pelo Juiz de Paz Miguel Soares de Carvalho.

A Intendência Municipal começou a funcionar em 03 de janeiro de 1949, a pleno vapor. Tomou posse do cargo de intendente municipal Anízio de Azeredo Coutinho, iniciando desde já a vida administrativa da nova cidade. Decorrido o pleito municipal em 21 de fevereiro de 1949, verificou-se a eleição de Luiz Lopes de Macedo para prefeito municipal e de Américo Antunes de Oliveira para Vice-Prefeito. Estava consolidada a criação da cidade de Turmalina, atualmente respeitada, admirada e conhecida como a Joia do Vale.


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FONTE: Valdivino Ferreira – IMAGENS: Compartilhadas em redes sociais (autores desconhecidos)