Turmalina tem a sua história ligada ao “Ciclo do Ouro”. Sua povoação primitiva foi influenciada pela
Bandeira de Sebastião Leme do Prado, que havia fundado a cidade de Minas Novas
em 29 de junho de 1727.
Em 1730 já existia aqui, a Fazenda Piedade da
Água Suja, onde residia o Alferes Antônio Godinho da Silva Manso Júnior. O
Sargento Domingos Alves de Macedo e o cabo de tropa João Soares de Araújo
também eram moradores da localidade. São esses os primitivos fundadores da
povoação que veio a se tornar o Arraial de Nossa Senhora da Piedade, hoje a
cidade de Turmalina.
Em 1734, os moradores, chefiados pelo Alferes
Antônio Godinho, solicitaram ao Arcebispo Baiano a autorização para a
construção da primeira igreja da povoação, em honra da Virgem da Piedade,
padroeira da fazenda. Tão logo a autorização para o inicio das obras foi
dada, os moradores começaram a construção. A capela foi construída entre 1735 e
1736, e benzida em 1º de janeiro de 1737 pelo padre Pedro Rodrigues Machado,
pároco de São Pedro do Fanado.
Por volta de 1770, chegaram ao Arraial da Piedade os fazendeiros Francisco Pinheiro Torres, Canuto da Costa e Quadros, Luiz Machado Pereira [o velho] e Patrício Rodrigues Pego, oriundos da região do Gorutuba e Jaíba, no norte mineiro. João Cordeiro de Oliveira, que alguns reputam fundador do arraial, só veio a residir em Piedade, na Fazenda Estaquinha (hoje a comunidade do Fanha), em 1812, ou seja mais de 80 anos depois.
Em 1828, de acordo com a nova lei que
disciplinava a organização municipal, o Arraial da Piedade passou a ter o seu
juiz de Paz, sendo eleito o próprio Vigário da época, João Gonçalves Mendes, o
primeiro juiz (1828-1837). Depois, na noite de 31 de dezembro de 1831,
justamente por ser o Juiz de Paz, foi ele o presidente da mesa que qualificou
os cidadãos para comporem o efetivo da Guarda Nacional aqui estacionada.
A CRIAÇÃO DO DISTRITO - Em 1839, uma comissão de moradores proeminentes
do Arraial da Piedade levou até à Câmara da Cidade de Minas Novas, uma
solicitação abaixo-assinada pedindo a elevação de arraial à condição de
distrito. Acolhendo o pedido, a Câmara enviou a solicitação ao deputado Carlos
Pereira Freyre de Moura, que apresentou o Projeto à Assembleia Provincial de
Minas Gerais, em 10 de maio de 1839, sendo votado e aprovado em primeira
votação em 11 de março de 1840. No dia três de abril de 1840, convertida em lei
provincial de número 184, foi sancionado o texto pelo doutor Bernardo Jacinto
da Veiga, então presidente da Província.
DEPUTADO DA TERRA - Criado o distrito foi nomeado o padre Brás Vieira da
Silva como vigário local, que tomou posse no dia 22 de julho de 1842.
Foi esse vigário quem fundou a Irmandade do Santíssimo Sacramento do Altar na
Matriz de Nossa Senhora da Piedade, no dia 31 de maio de 1845. Líder político e
orador, o vigário Brás Vieira da Silva foi eleito vereador a Câmara de Minas
Novas e deputado à Assembleia Legislativa Provincial de Minas no ano de 1860.
CARBONITA PERTENCIA À TURMALINA - O distrito de Piedade compreendia o
território de São Miguel da Caiçara (hoje Caçaratiba), Bom Jesus do Peixe Cru
(que hoje foi transferido da margem do rio Jequitinhonha em razão da construção
da Barragem Hidrelétrica de Irapé), Nossa Senhora do Patrocínio (hoje
Veredinha) e a paróquia de Sagrado Coração de Barreiras (hoje Carbonita).
A República foi proclamada no dia 15 de novembro de 1889. Por esse
motivo a lei número 2, de 14 de setembro de 1891, confirmou o distrito de
Piedade de Minas Novas, como unidade administrativa pertencente ao município de
Minas Novas.
O NOME TURMALINA – No dia 7 de setembro de 1923, o
distrito de Piedade de Minas Novas teve seu nome mudado para Turmalina de Minas
Novas, por força do Decreto-Lei número 843, na reforma efetuada pelo Presidente
Raul Soares de Moura. Trata-se de interessante homenagem que o presidente fez a
produção mineral que o estado possuía e que lhe dava o nome: “Minas Gerais”.
Naquela época a grande epidemia da Gripe Espanhola afetou o distrito. Morreram
varias pessoas, conforme evidencia o livro de óbitos do Cartório de
Notas e o livro de óbitos da paróquia de N. S. da Piedade. Faleceram crianças
recém-nascidas até rapazes e moças de 18 anos de idade.
O comércio era baseado unicamente na agricultura familiar e de
subsistência, cujo excedente de produção era vendido nos mercados de
Itamarandiba, Diamantina, Capelinha, Teófilo Otoni, Minas Novas, Chapada do
Norte e às vezes, Montes Claros.
LIGAÇÃO COM CAPELINHA - As revoltas e as revoluções ocorridas entre 1931
e 1935 contra o governo Getúlio Vargas pouco ou nada influíram na história
local, cuja população via com descrédito as ações do governo federal, muito
distante para alcançá-los. Já o golpe de 1937 foi divulgado e comemorado no
distrito. A construção da estrada de rodagem ligando o distrito de Turmalina a
cidade de Capelinha, em 1939, parece ter cristalizado no coração popular a
gratidão à Getúlio Vargas. Obra trabalhosa, construída com enxadão e picareta,
com traçado de Manuel Gomes da Costa e chefia de Américo Antunes de Oliveira.
A ascensão econômica do distrito, colocando-o em primeiro lugar no
quesito de contribuições a sede Minas Novas, é que foi decisiva na hora crucial
da emancipação político-administrativa, em 1948.
NOME DE RUA - A queda de Getúlio Vargas e de seu “Estado Novo” marcou tanto o distrito que a população denominou uma
de suas vielas com a data de “29 de outubro”, depois oficializada pela lei n.
2, de 1949, sancionada pelo prefeito Luiz Lopes, após a emancipação. Em 1945
com a ascensão do Marechal Eurico Gaspar Dutra, a chefia política até então nas
mãos do coronel João de Castro passa para o farmacêutico Lauro Machado, que
empolga os mais jovens.
Em 1947, com as eleições municipais, novamente o
dissídio entre a sede do município de Minas Novas e o distrito de Turmalina
toma corpo e as feridas se abrem. Da eleição de 1947 se parte para a luta
emancipacionista liderada por Lauro Machado.
O município foi criado pela lei 336, de 27 de dezembro de 1948 e
sancionada Governador Milton Campos. Foi instalado no dia 1º de janeiro de 1949
pelo Juiz de Paz Miguel Soares de Carvalho.
A Intendência Municipal começou a funcionar em 03 de janeiro
de 1949, a pleno vapor. Tomou posse do cargo de intendente municipal
Anízio de Azeredo Coutinho, iniciando desde já a vida administrativa da nova
cidade. Decorrido o pleito municipal em 21 de fevereiro de 1949, verificou-se
a eleição de Luiz Lopes de Macedo para prefeito municipal e de Américo Antunes
de Oliveira para Vice-Prefeito. Estava consolidada a criação da cidade de
Turmalina, atualmente respeitada, admirada e conhecida como a Joia do Vale.
Para mais informações sobre Turmalina e cidades da região acesse o
portal da PONTOCOM – Música & Notícia: www.radioturmalina.com.br – Siga a
PONTOCOM nas redes sociais: CLIQUE AQUI.
FONTE: Valdivino Ferreira – IMAGENS: Compartilhadas em redes sociais
(autores desconhecidos)