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REDE PONTOCOM DE RÁDIO

28 de março de 2014

ARAÇUAÍ – FAMÍLIA VIVE SEM ENERGIA ELÉTRICA HÁ MAIS DE 20 ANOS.

Todas as noites, a diarista Natália Santos Miranda, de 29 anos,  vê as luzes da cidade se acender e iluminar centenas de residências. Menos na casa dela. Há mais de 20 anos, a família   de Natália vive sem luz elétrica, numa pequena área, a pouco mais de 100 metros da rede de distribuição de energia, na área urbana de Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha/MG.

Em uma pequena gleba de terra (próxima à antiga estação ferroviária da Bahia-Minas), ela e o pai criam galinhas, porcos e patos para aumentar a renda.



Para Natália e os 11 familiares que vivem em duas pequenas casas, a TV desistiu da vocação de animar. A sala de visita tornou-se sombria. O banho  é sempre frio. Não existe geladeira, rádio  ou qualquer outro eletrodoméstico. O único luxo é o celular da Natália que quando descarrega, é preciso se valer da boa vontade dos vizinhos para recarregar a bateria.

Tudo o que se podia esperar de uma vida de esforços, era desfrutar o conforto da luz elétrica, ao final de cada jornada de trabalho. Mas Natália e seu pai, o aposentado Manoel Caldeira Miranda, de 73 anos, e os outros parentes que moram no local, estão excluídos deste bem, sempre que o sol se põe. ”Vivemos no padecimento”, lamenta o aposentado.

Em  uma casa de adobe e outra  de tijolos nus,  eles moram aonde a energia elétrica não chega apesar da rede de distribuição estar a pouco mais de 100 metros das casas. Mesmo sem poder pagar aluguel, uma das irmãs de Natália, deixou a casa onde vivia há anos, em busca de conforto para os filhos pequenos. “Tem muitos escorpiões por aqui e a noite fica mais perigosa. As crianças gostam de televisão e ficam com medo da escuridão”, conta Natália.

Parte do salário do pai dela é  gasto com a compra de óleo diesel para alimentar as lamparinas. “O dia que tem dinheiro a gente compra. Quando não tem, ficamos no escuro”, conta o aposentado. “Quando tem visita e meu namorado está aqui, ele faz uma ligação na bateria do carro. Mas é só por alguns minutos senão a bateria descarrega”, conta Natália.

Perguntada sobre o que ela acha de um possível apagão  e a crise de energia que o país pode atravessar, ela ri. “Aqui nós já vivemos no apagão faz tempo. Nem sei o que passa na televisão”, diz Natália. Ela conta também que ano após ano, ela e a família buscam uma solução para o caso.

Explicação - De acordo com a filha do  proprietário da área, a advogada Alessandra Peixoto, a família vive no local através de um contrato de comodato. “Uma das filhas do aposentado trabalhou por muitos anos em nossa casa. Permitimos que eles ocupassem a área, porém o lugar é inundável, está perto de uma represa. Não é conveniente a instalação de energia no lugar. Vamos oferecer uma outra área para  que eles possam construir a casa deles”, explicou a advogada cuja família é proprietária de um loteamento nas proximidades. “Não quero morrer sem ver a luz na minha casa”, confessa o aposentado. O caso está  sendo  analisado pela Justiça.


FONTE: Gazeta de Araçuaí, por Sérgio Vasconcelos.