A Vila do
Biribiri, distrito de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, deve ser melhor
preservada para manter o patrimônio cultural local. A recomendação é do
Ministério Público Estadual (MPE), que expediu recomendação à empresa
Estamparia S.A., proprietária do espaço.
A Vila do
Biribiri é composta de residências, igreja e outras edificações que serviam às
pessoas que trabalhavam na antiga fábrica de tecidos, que funcionou no local
por quase cem anos, de 1877 a 1973.
O local,
além de seu entorno, são tombados pelo Instituto Estadual do Patrimônio
Histórico e Artístico (Iepha). “Foi possível constatar que a atual
proprietária da área está realizando a venda individualizada das edificações e
lotes que compõem a vila sem observar qualquer dos dispositivos legais
incidentes. Além disso, há documentos que demonstram que os futuros adquirentes
pretendem promover descaracterizações dos bens tombados sem a anuência do
Iepha, contrariando frontalmente a legislação”, disse o coordenador das
Promotorias de Justiça de Meio Ambiente das Bacias dos Rios Jequitinhonha e
Mucuri, Felipe Faria de Oliveira,
O fato
foi considerado de extrema gravidade para o coordenador Estadual de Defesa do
Patrimônio Cultural e Turístico de Minas Gerais, Marcos Paulo de Souza Miranda,
e para o promotor de Justiça de Diamantina, Adriano Dutra Gomes de Faria, que
também assinaram o documento.
De acordo
com eles, a Vila do Biribiri fica em zona de amortecimento do Parque Estadual
do Biribiri, fazendo com que eventual loteamento da área deva ser objeto de
licenciamento ambiental, o que ainda não ocorreu. “O desmembramento da área está
ocorrendo em circunstâncias proibidas pelo Estatuto da Terra, lei federal que
regulamenta a questão”, afirmam.
Paraíso - Há quem chegue à bucólica Vila
de Biribiri e a compare a Shangri-lá – o idílico lugar criado em algum ponto do
Himalaia pelo inglês James Hilton (1900–1954) em sua obra mais famosa,
Horizonte Perdido. Construído em 1877 para abrigar uma fábrica de fiação e
tecidos do Biribiri e, ao mesmo tempo, empregar mulheres pobres do Vale do
Jequitinhonha, o povoado chegou a ter 1.200 habitantes, na década de
1950.
Em 2013
viviam no lugar, três adultos, uma criança e um vira-lata, o Mequetrefe.
O lugarejo fica a 300 quilômetros de Belo Horizonte e a 14 do
Centro Histórico de Diamantina. O nome da vila, em tupi-guarani, significa
buraco fundo, numa alusão à sua localização, entre o sopé de uma montanha e o
leito de um curso d’água.
Biribiri
foi idealizada pelo então bispo de Diamantina, João Antônio Felício dos Santos,
e seus familiares. O projeto foi viabilizado pelo terreno acidentado, que
permitiu aos empreendedores usarem a energia produzida por uma pequena usina
cujas turbinas eram acionadas pela força das quedas-d’água da região.
Nos bons
tempos da produção fabril, Biribiri chegou a ter escola para os filhos dos
empregados, pensionatos, armazém e consultório odontológico.
FONTE:
HD/EM, via Gazeta de Araçuaí.