A
Agência Nacional de Energia Elétrica propôs, nesta terça-feira (24), mudanças
nas taxas extras cobradas na conta de luz. Por causa da crise nos
reservatórios, a bandeira de nível mais elevado deve ficar 43% mais cara.
A
conta não está fechando. A Agência Nacional de Energia Elétrica diz que o
dinheiro arrecadado com a bandeira tarifária, a taxa extra cobrada na conta de
luz, não cobre mais o custo alto.
As
bandeiras funcionam como um sinal de preço: quanto mais cara a geração de
energia maior o valor da bandeira. E é justamente a taxa maior, a bandeira
vermelha 2, que vai ficar mais cara já em novembro: passará de R$ 3,50 para R$
5 a cada 100 quilowatts consumidos: um aumento de mais de 40%.
Já
a bandeira vermelha 1 segue com o mesmo valor; a amarela cai de R$ 2 para R$ 1.
E a verde continua em zero.
Apesar
de a bandeira vermelha 1 não ter subido e a amarela ter diminuído, isso não
significa conta mais barata. É que o governo mudou o jeito de calcular o
chamado gatilho, o momento de acionar as bandeiras. Hoje ele leva em conta a
expectativa de chuva, mas a partir de novembro, vai considerar também o nível
dos reservatórios. Isso quer dizer que a taxa extra provocada pelas bandeiras
amarela e vermelha pode aparecer mais vezes na conta de luz, um adicional que
atingirá o bolso do consumidor com mais frequência.
“O
sistema tem operado de maneira estressada, com pouca água nos reservatórios, e
requerendo outras fontes de geração. Então, tipicamente térmicas, e agora mais
recentemente a Aneel autorizou também a importação de energia da Argentina e do Uruguai, exatamente para
tentar aliviar um pouco esse estresse pelo qual o sistema está passando”,
explicou o diretor da Electra Energy, Fernando Umbria.
A
agência diz que a situação dos reservatórios é crítica e há falta de chuva, o
que eleva os gastos. No Sudeste e Centro-Oeste, nas usinas responsáveis pela
maior parte do abastecimento do país, o nível está em 18,77%, praticamente o
pior da série histórica, que foi em outubro de 2014, 18,74%. E é menor que na
época do racionamento em outubro de 2001, quando o nível estava em 21%. E a
previsão é piorar: em novembro, o nível desses reservatórios deve chegar a 15%.
Em 2001, no mesmo mês, estava em 23,19%.
No
Nordeste, o nível dos reservatórios é menos de 7%. Reservatórios baixos levam
ao acionamento das termelétricas, que produzem energia mais cara. A energia
gerada em hidrelétricas no Norte custa em torno de R$ 200 o megawatt/hora. Nas
térmicas a óleo diesel, R$ 1,2 mil o megawatt/hora: seis vezes mais.
A
Agência Nacional de Energia Elétrica diz que não há risco de racionamento.
“Risco de abastecimento não tem, mas cada vez mais temos que acionar recursos
termelétricos que custa muito caro”, disse o diretor-geral da Aneel, Romeu
Rufino.
FONTE:
Globo.com